Movimento pela vida onde a vida se movimenta um pouco mais devagar

by Anderson

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Sei que sou sempre suspeito ao falar de Taquaruçu, mas acho que sempre deixo minha parcialidade muito clara no que escrevo. Tenho uma professora que, recentemente, durante um congresso nacional de comunicação, brincou ao fazer uma crítica sobre o distrito na minha presença ao pedir pra eu tapar os ouvidos antes de comentar. Compreendo que existem muitos problemas e recentes relatos de violência em redes sociais (já que a mídia convencional nem sempre cobre o assunto) estão aí pra mostrar que o paraíso de paz e tranquilidade total não contempla todo o extremo sul de Palmas. Mas os melhores eventos, que podem ser definidos em qualquer coisa fora da mesmice de bares, boates, ou seja, qualquer ambiente fechado, acontecem lá. Um bom exemplo foi o 14º Movimento Pela Vida que durou foi do dia 27 a 29 de setembro e reuniu pessoas interessadas numa onda mais espiritualista e ecológica, digamos.

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Sem muitas impressões pré-concebidas resolvi comparecer no domingo passado (29), pra apenas dar olhada no que consistia a onda toda e voltar pra casa antes do almoço, mas a verdade é que encontrei bem mais do que esperava e só fui chegar em casa por volta das 20h! A diversidade de “ofertas espirituais zen” fora do eixo cristão católico/protestante tem fortes tendências para algo kitsch e forçado, mas não foi o que encontrei ali, embora também acredite que algumas pessoas que levam a coisa dessa forma estivessem presentes. Confesso que só fui acordar que o Movimento Pela Vida tinha direcionamento “religioso” quando um amigo que encontrei me perguntou o que eu tinha ido procurar ali. Fui por curiosidade mesmo e se tive alguma experiência espiritual destacaria a água razoavelmente fria, “borboletas gigantes” e algumas músicas tocando num smartphone no meio do mato, literalmente.

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Voltando ao evento, meu ceticismo se diluiu quando cheguei na Escola Municipal Crispim Alencar (também tinham atrações na Casa do Artesão) e me inscrevi pra uma consulta com um cartomante famoso, indicado pelo mesmo amigo que perguntou o que eu procurava espiritualmente. O problema era esse cartomante ser muito disputado, tipo com uma lista de pessoas ainda do dia anterior pra atender. Ou seja, não rolou. Em compensação, fiz uma massagem maravilhosa com um trio (chorei ao perceber que perdi nomes e telefones pra contato) e quase não levantei da maca no anúncio do fim da sessão.

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Outra parte interessante do evento foi que a organização disponibilizou uma van pra levar os participantes pra um almoço em outro colégio de Taquaruçu. Esse momento me proporcionou a experiência da carne de soja (que me causou indiferença). De sobremesa melancia combinando perfeitamente com o calor infernal das 13h. Tirando a parte em que fiquei com fome poucos minutos depois, a comida estava ótima e era de graça.

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Pra variar, esse tipo de evento movimenta circuitos mais alternativos de cultura na cidade de Palmas e imediações, mas não me pareceu ter um publico tão numeroso. Seria isso motivado pelo fato da cidade (do Estado, País, etc) ter uma forte influência contrária a uma parada mais mística? Caso seja, não passa de uma imensa bobagem. Afinal, e se existir mesmo toda essa história de céu e inferno, as pessoas serão cobradas na porta porque frequentaram determinada denominação (como vejo muitos espalhando por aí) ou por simplesmente desejar e fazer bem ao próximo? Bom, não posso negar que Taquaruçu tem o poder de despertar uma conexão mais subjetiva e espiritual com toda aquela natureza que nos lembra que já fomos e que um dia seremos novamente grãozinhos de areia.

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