hot queijim

O seu guia sincero de Palmas

Etiqueta: taquaruçu

Quando mulheres tocantinenses se encontram para discutir trabalho e gênero

Um fato triste sobre o Tocantins é Estado ocupar o desonroso 12ª lugar no ranking nacional de violência contra a mulher conforme os números de um relatório do Senado publicado em 2013. De acordo com o documento (leia aqui), em casos extremos, a cada cem mil mulheres tocantinenses, 5 morrem em decorrência desse problema social. Curiosamente, Palmas está abaixo da média nacional e é a última colocada da lista das capitais brasileiras com 1,7 assassinato por cem mil. A verdade é que esse número, como em qualquer pesquisa que mede o comportamento humano, não corresponde à realidade.

Na prática já é de conhecimento geral (ou assim espero!) que o número de mulheres vítimas de violência de seus parceiros, parentes ou mesmo desconhecidos é muito mais alto do que podemos imaginar. Certamente uma das causas é o machismo, um problema cultural impregnado na sociedade brasileira que ultrapassa classes sociais, instituições, mercado e todas as outras esferas de poder.

Essas e outras discussões, que deveriam ser frequentemente pauta da mídia local e regional, ganharam espaço num ambicioso evento organizado pelo coletivo Dina Guerrilheira, grupo vinculado ao Centro de Direitos Humanos de Palmas. O Encontro das Mulheres Trabalhadoras do Tocantins aconteceu entre os dias 22 e 24 de novembro, no distrito mais legal de Palmas, Taquaruçu, com atividades culturais, exposição de trabalhos e, principalmente, a discussão sobre a relação da mulher com o trabalho.

A Inajara Nunes, amiga minha que faz parte das lindas e super poderosas DINAS, me convidou como voluntário pra fazer umas fotos e o que mais minha imaginação permitisse durante o encontro. Como sou historicamente adepto da causa das mulheres aceitei na mesma hora e ainda convidei mais pessoas pra participar. Diluído entre os participantes de diversas regiões do Tocantins, que não eram apenas mulheres, fiz umas fotos e, abaixo, você confere uma seleção de imagens de crianças, idosas, jovens mulheres, palestrantes, rapazes, policiais, transeuntes desavisados, etc, transformando a Praça dos Girassóis e o Colégio Duque de Caxias.

Encontro de Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro de Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro de Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro de Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro de Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro de Mulheres Trabalhadoras do Tocantins
Encontro de Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro de Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro de Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro de Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro de Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro de Mulheres Trabalhadoras do Tocantins
Encontro de Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro das Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro das Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro das Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro das Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro das Mulheres Trabalhadoras do Tocantins
Encontro das Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro das Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro das Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro das Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro das Mulheres Trabalhadoras do TocantinsEncontro das Mulheres Trabalhadoras do Tocantins

Movimento pela vida onde a vida se movimenta um pouco mais devagar

Imagem

Sei que sou sempre suspeito ao falar de Taquaruçu, mas acho que sempre deixo minha parcialidade muito clara no que escrevo. Tenho uma professora que, recentemente, durante um congresso nacional de comunicação, brincou ao fazer uma crítica sobre o distrito na minha presença ao pedir pra eu tapar os ouvidos antes de comentar. Compreendo que existem muitos problemas e recentes relatos de violência em redes sociais (já que a mídia convencional nem sempre cobre o assunto) estão aí pra mostrar que o paraíso de paz e tranquilidade total não contempla todo o extremo sul de Palmas. Mas os melhores eventos, que podem ser definidos em qualquer coisa fora da mesmice de bares, boates, ou seja, qualquer ambiente fechado, acontecem lá. Um bom exemplo foi o 14º Movimento Pela Vida que durou foi do dia 27 a 29 de setembro e reuniu pessoas interessadas numa onda mais espiritualista e ecológica, digamos.

Imagem

Sem muitas impressões pré-concebidas resolvi comparecer no domingo passado (29), pra apenas dar olhada no que consistia a onda toda e voltar pra casa antes do almoço, mas a verdade é que encontrei bem mais do que esperava e só fui chegar em casa por volta das 20h! A diversidade de “ofertas espirituais zen” fora do eixo cristão católico/protestante tem fortes tendências para algo kitsch e forçado, mas não foi o que encontrei ali, embora também acredite que algumas pessoas que levam a coisa dessa forma estivessem presentes. Confesso que só fui acordar que o Movimento Pela Vida tinha direcionamento “religioso” quando um amigo que encontrei me perguntou o que eu tinha ido procurar ali. Fui por curiosidade mesmo e se tive alguma experiência espiritual destacaria a água razoavelmente fria, “borboletas gigantes” e algumas músicas tocando num smartphone no meio do mato, literalmente.

Imagem

Voltando ao evento, meu ceticismo se diluiu quando cheguei na Escola Municipal Crispim Alencar (também tinham atrações na Casa do Artesão) e me inscrevi pra uma consulta com um cartomante famoso, indicado pelo mesmo amigo que perguntou o que eu procurava espiritualmente. O problema era esse cartomante ser muito disputado, tipo com uma lista de pessoas ainda do dia anterior pra atender. Ou seja, não rolou. Em compensação, fiz uma massagem maravilhosa com um trio (chorei ao perceber que perdi nomes e telefones pra contato) e quase não levantei da maca no anúncio do fim da sessão.

Imagem

Outra parte interessante do evento foi que a organização disponibilizou uma van pra levar os participantes pra um almoço em outro colégio de Taquaruçu. Esse momento me proporcionou a experiência da carne de soja (que me causou indiferença). De sobremesa melancia combinando perfeitamente com o calor infernal das 13h. Tirando a parte em que fiquei com fome poucos minutos depois, a comida estava ótima e era de graça.

Imagem

Pra variar, esse tipo de evento movimenta circuitos mais alternativos de cultura na cidade de Palmas e imediações, mas não me pareceu ter um publico tão numeroso. Seria isso motivado pelo fato da cidade (do Estado, País, etc) ter uma forte influência contrária a uma parada mais mística? Caso seja, não passa de uma imensa bobagem. Afinal, e se existir mesmo toda essa história de céu e inferno, as pessoas serão cobradas na porta porque frequentaram determinada denominação (como vejo muitos espalhando por aí) ou por simplesmente desejar e fazer bem ao próximo? Bom, não posso negar que Taquaruçu tem o poder de despertar uma conexão mais subjetiva e espiritual com toda aquela natureza que nos lembra que já fomos e que um dia seremos novamente grãozinhos de areia.

IMG_7364[1]

O 7º Festival Gastronômico de Taquaruçu deixou nostalgia no melhor sentido da palavra

Imagem

Foto: Anderson de Souza

Voltava pra casa depois de uma segunda-feira cansativa e, ao parar pra esperar a linha pra Taquaruçu encontrei uns conhecidos que moram no distrito. O principal assunto? O 7º Festival Gastronômico de Taquaruçu e como o evento transformou o distrito levemente boêmio aos fins de semana no ponto de Palmas pra onde as pessoas foram pra serem felizes sob um clima mais humanamente suportável. Ah, e verdade seja dita, a Maria Gadhú não foi a grande salvadora da noite.

No sábado, dia mais badalado do festival, já se falava com razão da dificuldade que as pessoas enfrentariam pra chegar a Taquaruçu caso demorassem pra subir a serra. De certa forma enrolei um pouco e, ao chegar num ponto de ônibus da Avenida Taquaruçu na altura de Taquaralto, às 19h, já encontrei umas pessoas meio putas porque o ônibus não passava há pelo menos 40 minutos. Otimista que sou, não me deixei abalar e pouco depois um veículo completamente lotado (daqueles que você não ultrapassa a catraca tão cedo) dobrou a esquina da Praça da Matriz.

Claramente o transporte público não funcionava na mesma vibe das pessoas (se bem que vi um veículo circulando a praça principal de Taquaruçu por volta das 2h, mas quem estava na rua naquela hora e naquelas redondezas não queria ir embora). Assim, vamos assumir que a “melhor” maneira de chegar ao festival era mesmo ir de carro, mas não a melhor opção. Não foi bolado um esquema de ônibus eficiente, que permitisse que a maior parte do público usasse o transporte coletivo evitando assim o congestionamento. O festival perdeu público por conta do vacilo.

Imagem

Primeiros raios de sol do dia vistos do centro de Taquaruçu. Foto: Anderson de Souza.

De modo geral, ninguém de espírito aberto, além de “famílias felizes”, precisava voltar pra casa antes das 8h do dia seguinte. Solução não faltava, bastava se jogar em algum dos campis que estavam rolando antes de dar PT. Melhor dar PT seguro, numa barraca ou toalha estendida sob o mato do que guiando um veículo em alta velocidade nas curvas da serra. Conheci algumas pessoas que morreram naquela estrada e é sempre bom lembrar desse importantíssimo detalhe.

Imagem

A melhor tática pra comer era escolher bem a barraca em que se iria comprar porque as filas nem sempre estavam fáceis de serem enfrentadas. Mas valia a pena. Foto: Anderson de Souza

Voltando a cronologia dos fatos, ao chegar, por volta das 20h, na praça onde o evento foi concentrado já tinha muita gente. Os grupos se dividiam entre aqueles que lotavam as filas das barracas de comida (aliás, tinham coisas muito boas a preços razoáveis), aqueles que de certa forma se isolaram nos quiosques cercados (com leves toques de apartheid), aqueles na comissão de frente perto do palco e, finalmente, os vários grupos jogados na grama. O Augusto Brito, um amigo que trabalhou na organização disse que já no início da noite de sábado o recorde de público tinha sido quebrado. E olha que fiquei sabendo de muitas pessoas que desistiram e voltaram no meio do caminho ou continuaram a noite em algum dos muitos bares da região de Taquaralto. Outros conseguiram chegar mais tarde. Ainda de madrugada tinha gente sedenta por diversão – deve ser o magnetismo “místico” exercido por Taquaruçu.

Nem vou me alongar no que aconteceu no show porque não teve nada demais. Maria Gadhú tem seus fãs e não sou um deles. Pra mim, ela é do tipo de cantora que não agride e nem ofende. Sem sombra de dúvidas o melhor do festival não foram os shows. Mas vamos combinar que a escolha da artista pode ter sido responsável por deixar o ambiente mais diversificado no melhor sentido.

Quando a “programação oficial” na praça deu sinais de fim, as pessoas rumaram em procissão pra várias direções. Tinha festa have numa chácara, after no Mandala e show no Canto das Artes. Estive em todos esses lugares, uns mais rapidamente que outros, entrei apenas no Canto só lá pelas tantas porque as ruas e calçadas estavam muito mais vibrantes e as entradas estavam sendo cobradas até pelo menos às 3h (hora essa em que as festas ainda estavam longe de terminar). Assim, o saldo mais positivo do 6º Festival Gastronômico de Taquaruçu foi à concentração de gente pouco perceptível nas ruas estéreis de Palmas nos dias normais da semana. O público também ganhou muito com a totalidade de opções na programação, tanto oficial quanto independente/paralela num ambiente aparentemente seguro.

Imagem

O Campi do Magoo reuniu pessoas diversas que participaram das várias atrações durante a manhã, tarde, noite e madrugada. De longe o mais badalado. Foto: Anderson de Souza

Nada melhor do que simplesmente caminhar pelas ruas movimentadas com seus amigos antes das primeiras luzes do dia surgirem no horizonte, acima da serra. Nada melhor do que perceber que quase todos à sua volta, seja num acampamento, seja num ponto de ônibus às 8h, tiveram uma noite maravilhosa em Taquaruçu. Que se repita ad infinitum.

Carnaval em Taquaruçu rende boa pauta: HQ em seu momento coluna social via redes

O carnaval mais interessante que acontece em Palmas é, sem dúvidas, o de Taquaruçu. Os motivos não se limitam apenas ao clima festivo, tão raro em outras épocas do ano, mas ao ar bucólico e a cara de cidade orgânica. Uma contraposição perfeita à Palmas! Outra vantagem deste carnaval é que você tem a opção de se refrescar numa cachoeira antes de seguir o bloco.

Assim, no carnaval de Taquaruçu há uma mistura de situações bem antagônicas. No mesmo dia você pode passar horas relaxando nas águas geladas da Cachoeira do Roncador e logo mais vomitar numa calçada após encher a cara no Mandala. E tudo em paz!

Ao longo do feriado não fiquei pra nenhuma noite. Inclusive acompanhei com certo recalque as fotos dos meus amigos ou conhecidos no Instagram/Facebook. Pra matar um pouco da vontade, fiz umas perguntas tendenciosas a algumas dessas pessoas sobre a impressão geral que tiveram da festa.

A pista de dança ou palco é a própria rua. Foto: Judi Ferreira

Anderson de Souza: Foi seu primeiro carnaval em Taquaruçu?

Inajara Nunes: Foi o segundo, ano passado eu fui e adorei. Esse ano até que foi um pouco diferente devido ao incentivo da prefeitura. Deu
um público diferenciado.

A: Você achou esse ano melhor do que no anterior?

I.N.: Não sei dizer ao certo porque a programação que frequento é a do Mandala e do Canto das Artes e foram bem semelhantes as ano anterior.
Eu posso dizer que deu mais gente. O carnaval de Taquaruçu tem um perfil mais tradicional, o que ora pode ser chamado por alguns de
alternativo já que há uma predominância de sons fora do circuito axé-sertanejo, mas a garantia de samba, reggae, e derivados. Esse ano a
diferença foi que houveram palcos diferenciados com esse som do grande público.

A: Qual foi a cena mais peculiar que você viu no carnaval de Taquaruçu?

I.N.: Peculiar, você quer dizer no sentido que atraiu minha atenção, ou do que não é comum?
A: Uma coisa absurda, mesmo que um fato bobo como alguém vomitando numa calçada…

I.N.: Ruim ou boa?

A: Tanto faz!

I.N.: Ah sim, a mais peculiar foi na segunda, uma moça gritando ao sair do Canto das Artes, que todos deveriam ser presos porque “este
lugar fazia apologia as drogas”. Nunca vi isso, e achei até meio fora do contexto, provavelmente ela foi expulsa da festa.

Você tem chance de estar nuam rua por onde muitas pessoas caminham. Quantas ruas em Palmas são assim nos dias de carnaval?

A: Foi a primeira vez que você passou carnaval em Taquaruçu?

Danierick Nascimento: Sim que eu me lembre.

A: E o que você achou?

D.N.: Bom, pelo que vi é pouco visitado, vazio. As atrações são meio termo. Na realidade, eu achei muito tapa buracos sabe. Não é algo bem
planejado e voltado para a diversão mesmo. O Canto das Artes é um lugar até interessante, ambiente exótico e talz. Em resumo foi
mediano.

A.: Certo, e qual foi a cena mais absurda/extraordinária/curiosa que você viu por lá? (Pode ser um fato engraçado ou absurdo)

D.N.: Hum… deixa eu ver se lembro… Não me recordo de nada engraçado ou absurdo.

A.: Ok. Qual sua lembrança mais marcante do carnaval lá?

D.N.: A entrada do lugarzinho (Canto das Artes) era 15 conto!

Imagem
A: Ei, posso te fazer uma entrevista?

Marcelo Horst: Claro que pode!

A: Essa não foi sua primeira vez no carnaval de Taquaruçu, né? Mas foi melhor do que as outras?

M.H.: Eu achei mais policiado dessa vez, me senti mais seguro.

A: qual foi a cena mais peculiar que viu por lá? (algo absurdo, engraçado, algo que tenha ficado na cabeça…)

M H: Vi muita gente diferente que nunca tinha visto, vi pessoas andando de rosto pintado e vi que havia muita liberdade de expressão.

285707_535348876496586_1766414386_n

A.: Primeira vez que foi ao carnaval em Taquaruçu?

Walter Cardoso: Não. Segunda

A.: Achou essa vez melhor? Ou pior?

W.C.: Melhor em alguns pontos. Como estrutura, policiamento, e organização. Mas me diverti mais no anterior.

A.: Qual a cena mais absurda que viu por lá? (Pode ser algo engraçado, bizarro, algo que tenha ficado na sua cabeça)

W.C.: Essa é a questão. Não vi nada demais. Foi até muito tranquilo.

Imagem

Miguel tem muita sorte, Miguel mora em Taquaruçu!

A.: O que achou dessa edição do carnaval em Taquaruçu? Melhor, pior ou
indiferente em relação a edições anteriores?

Miguel Vieira: Melhor, mais bem planejado e seguro.

A.: Certo, e qual foi a cena mais peculiar que você viu? (Pode ser algo engraçado, bizarro, etc)

M.V.: Não vi nada que me marcasse dessa forma, não na rua, no carnaval da prefeitura. Acredito ter sido bem tranqüilo.

A.: Os lugares ficaram sujos e degradados depois dos dias de festa?

M.V.: Não. Isso foi uma das coisas que mais me surpreendeu, o público foi extremamente educado.

É, olhando por esse lado, o carnaval em Taquaruçu tá de parabéns. Por fim, recomendo esse texto aqui, super didático, sincero e inspirado sobre o carnaval por uma perspectiva global do imaginário.

Editado em 15/02/2013, às 10h21, para creditação de foto.